sexta-feira, 31 de março de 2017

"O Reino Unido está agora do outro lado da mesa das negociações"

ANA FONSECA PEREIRA
31 de Março de 2017, 19:51


Guião europeu para as negociações assume posição dura face às propostas britânicas. 
Cláusula sobre futuro de Gibraltar pode ser novo foco de tensão entre os actuais parceiros.

Os dados estão lançados para o grande jogo que vai começar dentro de aproximadamente dois meses. 
Dois dias depois de Teresa May ter dito que o Reino Unido quer estabelecer uma "parceria profunda e especial" com a União Europeia, ou presidente do Conselho Europeu 27 Estados-membros.
Entendem que foram feitos "progressos suficientes" nas negociações que vão ditar os termos da separação.

Nem a proposta com as linhas de orientação da UE para as negociações de "Brexit" que Donald Tusk enviou às capitais europeias, nem uma carta que a primeira ministra britânica enviou quarta-feira a Bruxelas alteram significativamente como as posições que os dois lados assumiram nos últimos nove meses.
Mas o início formal do processo que conduzem a "Brexit" criou uma nova realidade política, como Tusk fez questão de sublinhar. 
"O Reino Unido está no outro lado da mesa das negociações", afirmou, numa conferência de imprensa com o presidente de Malta, Joseph Muscat, que tem uma presidência rotativa da UE.

Michel Barnier, principal negociador da UE, a dar início a uma segunda fase das negociações. 
O esboço das linhas de orientação que são aprovadas na cimeira de 29 de Abril também. "O objectivo principal da União Europeia é o seguinte:" Os Estados-Membros, os seus Estados-Membros, os seus Estados-Membros e as suas empresas ". 
"Em termos políticos, escreveu David M. Herszenhorn, correspondente-chefe do Politico em Bruxelas.

E apesar de Tusk que a UE não "adoptou uma abordagem punitiva", "afirmou-se que", uma posição de partida em relação às pretensões britânicas é muito dura, estipulando várias linhas vermelhas. 
A mais explícita é uma recusa de negociação em simultâneo os termos da saída britânica e um acordo de comércio futuro, tal como Maio por quatro vezes na carta que põe o "Brexit" em marcha. 
"Quando, e apenas quando conseguirmos progressos suficientes em relação às negociações de saída, poderemos discutir como bases de nossas estratégias futuras", dois dos temas que Bruxelas quer discutir em primeiro lugar.

UE alinha ao lado de Espanha

O documento enviado por Tusk - que fontes europeias citadas pelo Le Monde foi considerado como um grande consenso entre os 27 - sustenta também que um acordo comercial pode ser concluído após o "Brexit", pelo que até 2019 as discussões apenas "Preparatórias" e "preliminares". 
E se aceita a necessidade de um período de transição, sublinha que ele deve ser "limitado no tempo" e obrigar Londres a respeitar "como regras em vigor na UE". 
Ou seja, para não deixar o mercado de aceitar um livre circulação de pessoas e um Tribunal de Justiça da UE. 
Da mesma forma, avisa Londres que um acordo de comércio "não são os mesmos benefícios que gozam de um membro da UE" e, para o conseguir, pode ter de prometer não transformar o país não "paraíso fiscal" que chegou a sugerir.

E se foram precisos mais indices de que se mudou o paradigma político na União, a única grande novidade do esboço prova-o: quase um fim, sustenta que após o "Brexit" nenhum acordo bilateral "pode ​​aplicar-se ao território de Gibraltar sem um Acordo entre Espanha e o Reino Unido ". 
Ou seja, explicou o jornal El País, "se louvou o tipo de ponte entre este país e os 27 países da UE terão de aceitar uma negociação bilateral com Madrid.

Londres, que não quis comentar o conteúdo da proposta europeia, foi inequívoco na reacção a este ponto. 
"Manteremos uma resistência implacável, marmórea e sólida como uma pedra" a nenhuma alteração estatal de Gibraltar, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson. Mas o "Brexit" criou fendas na posição neutra assumida até agora por Bruxelas, assumiu um responsável europeu ao Guardian. 
"A União defende os seus membros e agora isso significa Espanha".

Ana.pereira@publico.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário