João Francisco Gomes
09 de Julho de 2018 às 17:40
A primeira-ministra britânica agradeceu aos dois ministros demissionários, mas insistiu nos planos para um "soft Brexit".
Prova de que há consenso no governo britânico, ironizou Jean-Claude Juncker.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, reafirmou esta segunda-feira os seus planos para um “soft Brexit”, depois das demissões dos ministros David Davis e Boris Johnson em desacordo com a líder do governo sobre o futuro das relações entre Reino Unido e União Europeia depois do Brexit.
Numa sessão parlamentar na Câmara dos Comuns, Theresa May agradeceu a David Davis e Boris Johnson pelo seu trabalho no governo. Segundo o The Guardian, May agradeceu a Davis por ter ajudado a fazer a legislação do Brexit passar no Parlamento britânico e lembrou a “paixão” de Johnson na promoção de um Reino Unido global no mundo.
David Davis (ministro para o Brexit) e Boris Johnson (ministro dos Negócios Estrangeiros) demitiram-se esta segunda-feira por não concordarem com um acordo aprovado na última sexta-feira entre os membros do governo britânico e que propõe que o Reino Unido negoceie com Bruxelas um “soft Brexit”.
Davis e Johnson, dois grandes defensores do Brexit — Johnson foi aliás um dos principais rostos da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia –, saem em desacordo com Theresa May num movimento que pode dar origem a uma moção de censura interna que pode levar à queda da primeira-ministra.
Apesar de ter agradecido aos dois ministros pelo seu trabalho, Theresa May sublinhou que vai manter os seus planos para o Brexit e insistiu que o caminho está descrito no documento aprovado pelo governo na última sexta-feira, lembrando que uma saída sem acordo com a UE teria consequências graves para as duas partes.
A primeira-ministra afirmou ainda que o Parlamento tem legitimidade para rejeitar qualquer proposta apresentada pelo governo, mas lembrou que uma rejeição terá “consequências”.
Líderes europeus irónicos
Os principais líderes políticos da União Europeia também já reagiram às demissões no governo britânico. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse, irónico, que “isto claramente prova que havia uma grande unanimidade de opiniões no governo britânico”.
Também o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, já falou das demissões, destacando que “os políticos vão e vêm, mas os problemas que criaram para as pessoas mantêm-se”.
“Só posso lamentar a ideia que a ideia do Brexit não tenha ido embora com Davis e Johnson. Mas… quem sabe?”, escreveu no Twitter.
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