Diplomacia
11 DE AGOSTO DE 2017 17:30
Governos de Washington e de Pyongyang têm discutido discretamente o estado das relações diplomáticas entre os dois países
No meio da contínua escalada de tensão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, com o líderes dos dois países a trocarem ameaças publicamente, foi revelado esta sexta-feira que, nos bastidores, as duas nações mantêm uma linha de comunicação e negociações há meses.
Segundo a agência AP, os governos de Washington e de Pyongyang têm discutido a situação dos norte-americanos detidos na Coreia do Norte e o estado das relações diplomáticas entre os dois países.
O enviado norte-americano para a Coreia do Norte Joseph Yun tem contactado frequentemente Pak Song Il, o diplomata norte-coreano que representa o país nas Nações Unidas, naquele que é chamado o "canal de Nova Iorque".
Yun, nascido na Coreia do Sul, é o único diplomata dos Estados Unidos em contacto com o lado norte-coreano, segundo fontes citadas pela AP.
As mesmas fontes dizem que estes contactos não tiveram ainda qualquer efeito no sentido de amenizar a busca da Coreia do Norte por armas nucleares, mísseis e avanços no armamento - que é vista como uma ameaça pelos Estados Unidos.
Ainda assim, estas conversas nos bastidores podiam ser uma base para negociações sobre temas mais sérios, caso os líderes Donald Trump e Kim Jong-Un abandonassem a retórica bélica e as ameaças e aceitassem dialogar.
Trump disse esta terça-feira que a Coreia de Norte iria enfrentar "fogo e fúria como o mundo nunca antes viu" e acrescentou dias depois que esta nação deve ficar "muito, muito nervosa".
A Coreia do Norte afirmou que Donald Trump é "desprovido de razão", que só funciona com a força e ameaçou atacar a base militar dos Estados Unidos em Guam, no Pacífico.
Era sabido que os EUA e a Coreia do Norte tiveram conversações em que foi acordada a libertação do jovem estudante norte-americano preso pelo regime de Pyongyang, Otto Warmbier, mas apenas agora foi revelado que o diálogo se manteve aberto até ao presente.
Warmbier, de 22 anos, foi libertado em junho, após 17 meses de detenção, e morreu uma semana depois.
O secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson disse esta semana, nas Filipinas, que existem "meios de comunicação abertos" entre os países, "para os ouvirmos se eles tiverem vontade de falar".
Já existiam versões do canal de Nova Iorque em administrações anteriores.
Obama mantinha contactos com a Coreia do Norte, mas estes foram cortados nos últimos sete meses da presidência do democrata.
Nessa altura, Kim Jong-Un cortou a linha de comunicação como resposta a sanções norte-americanas.
A Coreia do Norte e os Estados Unidos não têm laços diplomáticos e são, tecnicamente, inimigos, já que nunca conseguiram um tratado de paz, apenas um armistício, para acabar com a guerra da Coreia, entre 1950 e 1953.
Esta sexta-feira, várias nações se manifestaram quanto à tensão entre os dois países com arsenal nuclear.
A China avisou que vai ser neutra se a Coreia do Norte lançar primeiro um ataque contra os Estados Unidos, mas irá reagir firmemente no caso de os EUA e a Coreia do Sul "realizarem ataques e tentarem derrubar o regime norte-coreano".
A Alemanha opôs-se hoje a uma qualquer "solução militar" e a Rússia considerou "muito elevado" o risco de um confronto militar entre os EUA e a Coreia do Norte.
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