NUCLEAR
Lusa
8 de Maio de 2018, 23:39
Marcelo subscreve posição do Governo e lamenta decisão anunciada por Donald Trump.
O Governo português lamenta "bastante" a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão, mas espera que esta seja "compensada" pela determinação dos restantes signatários de manterem a sua posição, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros.
"Lamentamos bastante a decisão dos Estados Unidos.
Nós, Portugal e a União Europeia, tudo fizemos para convencer os nossos amigos americanos a não darem este passo", afirmou Augusto Santos Silva.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "subscreve plenamente a posição do Governo", segundo uma nota divulgada por Belém.
O Governo português vê o acordo como "um instrumento positivo", com o objectivo de "impedir que o Irão chegue à produção de armas nucleares próprias", referiu o Santos Silva, sublinhando que, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica, o Irão "tem cumprido até agora os compromissos que assumiu".
O chefe da diplomacia portuguesa advertiu que a decisão dos EUA, anunciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, pode ter consequências negativas, nomeadamente para o "isolamento iraniano e o enquistamento ainda mais intenso do regime iraniano", bem como uma "escalada da conflitualidade que já é evidente no Médio Oriente".
Consequências que, para o Governo português, podem ser mitigadas se os restantes signatários do acordo nuclear "mantiverem a sua posição".
"Esperamos que esta saída dos Estados Unidos seja compensada pela determinação das restantes partes signatárias do acordo no seu cumprimento", sublinhou o ministro, acrescentando porém que compreende as críticas da administração norte-americana ao Irão.
"Dizem, e bem, que o Irão é hoje um elemento de desestabilização de todo o Médio Oriente, que desenvolve um programa de mísseis balísticos que também constitui uma ameaça e que faz violações sistemáticas dos direitos humanos.
O Irão pode ser criticado em todas estas frentes", sublinhou.
Razão, aliás, que levou a União Europeia a levantar sanções por causa do programa nuclear, mas a manter as sanções que tinha aplicado por causa destes comportamentos noutras dimensões, nomeadamente no que diz respeito aos direitos humanos, lembrou.
"A melhor maneira de interagir com o Irão é cumprirmos aquilo com que nos comprometemos no acordo nuclear e exigir ao Irão que melhore o comportamento em todas as outras dimensões", considerou Santos Silva.
O Governo português concorda com o debate que está actualmente a decorrer na União Europeia, com França, Reino Unido e Alemanha a defenderem um agravamento das sanções ao Irão, face aos "desenvolvimentos recentes no programa de mísseis balísticos", mas "mantendo o acordo nuclear", acrescentou.
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