2015/02/06 - 14:41
Os cidadãos polacos estão em maioria, mas há também um filósofo francês, um ex-comissário europeu e o chefe dos serviços secretos britânicos.
Há vários antigos e actuais eurodeputados impedidos de entrar na Rússia FREDERICK FLORIN / AFP
A lista de 89 políticos e responsáveis europeus impedidos de entrar na Rússia foi revelada esta terça-feira por uma televisão finlandesa.
Moscovo critica a divulgação dos nomes e fala em quebra de confiança.
A elaboração da lista foi a resposta a uma medida semelhante tomada pela União Europeia em Março de 2014 e que desde então tem sido actualizada, sempre em reacção a desenvolvimentos do conflito ucraniano.
Os nomes dos cidadãos abrangidos pela lista elencada pelo Kremlin há cerca de um ano – e revelada pela televisão estatal finlandesa YLE – são coincidentes com aquela que tem sido a narrativa russa sobre o conflito ucraniano.
Desde logo, a lista é composta na sua grande maioria (18) por polacos, desde deputados e eurodeputados a chefias dos serviços secretos e altas patentes militares.
É da Polónia que têm vindo algumas das críticas mais fortes à intervenção russa na Ucrânia e é Varsóvia que mais tem tentado mobilizar os parceiros europeus a intensificar e a endurecer as sanções contra a Rússia.
No mesmo sentido, verifica-se uma grande quantidade de nomes de responsáveis dos países bálticos e escandinavos.
Entre Suécia (oito), Estónia (oito), Lituânia (sete), Letónia (cinco), Dinamarca (quatro) e Finlândia (um) contam-se 33 personalidades impedidas de entrar em território russo.
As três ex-repúblicas soviéticas do mar Báltico têm manifestado grandes preocupações pela crescente assertividade militar russa e temem que a existência de minorias russas nos seus países possa servir como pretexto para intervenções externas promovidas por Moscovo.
Esses receios têm levado a um aumento da presença militar da NATO – os três países integram a Aliança Atlântica – e pela intensificação das manobras militares na região.
Entre os restantes nomes incluídos pelas autoridades russas estão, entre outros, o filósofo francês Bernard Henri-Lévy – autor de vários artigos de opinião altamente críticos da política russa face à Ucrânia –, o ex-vice-primeiro-ministro britânico Nick Clegg, o chefe do MI5, os serviços secretos britânicos, o líder dos liberais europeus, Guy Verhofstadt, e ainda o ex-comissário europeu responsável pelo Alargamento, o checo Stefan Füle.
De uma forma geral, o Kremlin quis abranger políticos com perfil europeu e que tenham estado directamente implicados na implementação das sanções económicas contra a Rússia, na sequência da anexação da Crimeia em Março do ano passado, bem como alguns dos críticos mais ferozes da conduta russa.
A divulgação do conteúdo da lista foi criticada pelo Governo russo, que preferia que se tivesse mantido secreta, embora não tivesse confirmado nem desmentido o rigor da notícia da televisão finlandesa.
“Quando a União Europeia introduziu restrições a 150 cidadãos russos, nós fizemos o mesmo, mas abrangemos um menor número de cidadãos da UE.
Não quisemos seguir o mau exemplo da UE e transformar a divulgação destes nomes numa campanha ruidosa”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, à televisão estatal Russia Today.
O ministro adjunto, Aleksey Meshkov, explicou que a não revelação dos nomes na lista teve o objectivo de “facilitar as vidas” dos envolvidos.
“Tudo o que acontecer depois fica inteiramente na consciência dos nossos parceiros europeus”, acrescentou.
Na semana passada, o Governo holandês já tinha revelado a existência da lista e alguns dos nomes sobre os quais as sanções incidem, criticando a falta de transparência e a não divulgação dos critérios que presidiram à sua escolha.
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